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 UM DESENHO NA NOITE                                      Epílogo  Finalmente, tudo estava consumado  Um presente consciente, um passado já passado.  Anabela e Paulo tinham atravessado muitas provações. E delas tiraram as suas próprias lições.  Como pensar, nove meses antes, que a médica disciplinada, racional e conservadora, se envolveria com o advogado liberal e hedonista?  O gelo animara o fogo e o fogo tinha derretido o gelo.  Era jovens. Eram fortes. Eram apaixonados.  Depois de tantos conflitos, acidentes, dramas, tragédias,  tudo parecia ter chegado a uma definitiva conclusão.  Havia nova vida entre eles.  Anabela estava agora recuperada do seu colapso mental, e Paulo parecia bem da operação ao tumor cerebral.  Sim, o casamento ocorreu dois meses depois, e o Senhor Doutor Juíz estava feliz como nunca, dentro do seu coração debilitado.  A ex prostituta Amélia era a Madrinha de casamento, e o Doutor Mário o padrinho.  Rute e os amigos de todos estavam presentes e felizes. Depois d
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 UM DESENHO NA NOITE                                          XLV " Perdoas - me? "  " E tu, perdoas - me? "  " Sim, eu te perdoo! "  " E eu te perdoo a ti também! "  " E agora, que vamos fazer? "  " Não sei! "  Vamos em frente, vamos construir  Vamos celebrar o que está por vir  " Tens medo? " . " Agora já não? " " Gostas de mim? "  " Agora sim! "  " Vamos envelhecer? "  " Está bem pra mim! "  Vamos em frente, vamos fazer crescer  Vamos nos amar até o sol romper  " Perdoas - me? "  " Sim, vou perdoar! Perdoas - me? " " Sim vou perdoar! Casas? Comigo no altar? " " Caso! Se me amas tanto, eu consigo te amar! "  ( Xana Lopes autora) Manuel Ferreira textos)  * Imagem sujeita a direitos de autor
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 UM DESENHO NA NOITE                                         XLIV O tempo cura todas as feridas?  Não?  O tempo cicatriza  As feridas ficam lá.  Depois de três meses de internamento compulsivo, Anabela ia enfrentar um tribunal.  Mas já não se sentia tão mal.  Estivera com o seu bebé nos braços um momento  Pelo menos, isso, tinham - lhe permitido.  Na audiência preliminar, com Paulo, também há recuperado da operação ao tumor cerebral, tudo parecia ter sido esclarecido. Paulo tinha dito:  " Eu sou o único culpado do estado em que esta mulher se encontra, pelo que a pressionei. "  Até o Pai Juíz testemunhou a favor dela, e todos os amigos Rute, Amélia, Mário, pelo que o seu crime de sequestro e rapto de um recém nascido, só poderia ter atenuantes, mesmo aos olhos das leis mais severas.  A Doutora Juíza encarregue do caso, depois de conhecedora de todas as suas nuances, ao longo de longos nove meses, disse da sentença:  " Vocês são jovens ainda, e têm muito futuro pela frent
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 UM DESENHO NA NOITE                                          XLIII  Anabela tinha sido internada e o bebé estava a cargo da Segurança Social.  Paulo recuperava no hospital e o Juiz entretanto já tivera alta.  A sua condição agora parecia estável.  Mas Rute tinha de o pôr a par da situação.  Contou - lhe tudo. Que Anabela fugira e tivera o bebé sozinha, que Paulo desmaiara e que a criança estava à guarda do Estado, enquanto Anabela enfrentava uma grave acusação de sequestro por não cumprir o acordo judicial assinado antes.  No fundo, Rute queria lhe contar tudo, para o poder castigar também um pouco por toda esta situação.  " A minha maior amiga está mentalmente arrasada, Senhor Doutor Juíz! Ela era a pessoa mais equilibrada que já conheci, e agora, não passa de um farrapo humano, à conta das suas maquinações e do seu filho Paulo! Acha que valeu a pena? "  O Juiz sentiu - se mal. Há muito tempo que o velho Juíz não se sentia de outra forma.  " Doutora Rute, eu nunca quis
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 UM DESENHO NA NOITE                                            XLII Muito pouco para fazer Muito pouco para ser  Eu existo mas não participo Sou só uma acompanhante  A minha voz não se ouve Fico sempre mais distante  Eu falo, eu rio, eu sorrio  Mas o meu sorriso é um sorriso forçado  Eu cumpro normas impostas Não vou a nenhum lado  E então eu tomei A ousadia de pensar Que se sei rir e sorrir Também me sei libertar  Sangue, suor e lágrimas  Todas as libertações têm um preço A angustia de muitas almas  No fundo é o que eu mereço  Carrego - as sem hesitação  Não há que lamentar o desgosto  O preço que se paga pela libertação  É insignificante para quem corre por gosto  Estou - me a rir  E também estou chorando  Consigo sorrir enquanto estou gritando  É este o preço que pago por me ir libertando  Estou a libertar O poder que há em mim Sou filha de Deus Sou mulher por ter nascido assim  Não sou um ser inferior Não sou de uma casta diminuída  Eu sou uma Mulher  Através de mim vem a Vida  Sa
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 UM DESENHO NA NOITE                                          XLI A ansiedade consumia espíritos.  O clima era de grande tensão emocional.  As horas passavam, e ninguém sabia de Anabela.  Rute roía as unhas de nervosa, Amélia dava voltas pela sala. Mário tinha feito a sua parte. Operar Paulo e conduzir a sua recuperação inicial. Não sabia o que mais fazer.  Foi a enérgica e irreverente Amélia que decidiu.  " Basta! A polícia não faz nada! Tenho de ir falar com o Paulo! "  Como médicos, Rute e Mário foram com ela. Sabiam que, no fundo, Paulo tinha direito a saber o que se passava.  Paulo estava sentado na sala de doentes em recuperação. Tinha pensos na cabeça, mas parecia há livre dos efeitos da anestesia.  Inicialmente feliz por ver os seus amigos, em especial, Amélia, notou, com a sua mente ágil, que aquela visita trazia algo de perturbante.  Foi a Radiosa Amélia, que, ao seu jeito, sem rodeios, o pôs a par da situação.  " Paulo, não sabemos da Anabela. Desapareceu. Nin
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 UM DESENHO NA NOITE                                             XL Nada havia a mudar ao que já tinha sido mudado.  Estava feito.  Estava cumprido.  O primeiro olhar, naqueles olhos por ainda abrir. Uma boca pequena ávida pela procura da teta materna.  Um serenar, um sossegar de paz  Sim, era um rapaz.  E tanto fazia. Era o seu filho, o seu bebé  Um laço eterno tinha nascido, e jamais poderia ser quebrado.  Anabela olhava umas horas depois, pela janela do motel  O bebé dormia na cama ao seu lado. Parecia - lhe ver o mar, nuvens, um horizonte calmo, em vez do beco sujo onde Paulo quase se tinha matado.  E lá ao fundo, aquele bar maldito onde tudo tinha começado.  Bem, agora, estava terminado.  Anabela não cumpriria o seu acordo judicial. Não ia entregar o filho que não tinha desejado ao homem que lho fizera e que a forçara levar a gravidez até ao fim.  Fim. Sim, era isso, fim mesmo.  Anabela gostava de Paulo, mas nada tinha sentido agora, a não ser aquele ser recém nascido Era dela. Ti